Cidadão Kane (1941)
Eis que surge um certo Orson Welles, radialista de 22 anos, que fez o povo norte-americano levar um tremendo susto em 1938. Simplesmente por que ele resolveu colocar na rádio CBS a história do livro Guerra dos Mundos (do escritor inglês H. G. Wells) onde os alienígenas atacam a Terra. De tão realista muita gente acreditou e entrou em pânico nas ruas.
Após esse episódio, Welles seguiu pelo caminho do audiovisual e além de escrever, dirigir e atuar, também produziu "Cidadão Kane" com muito esforço, criatividade e baixo orçamento. Na época, o filme não foi bem recebido pelo público por tratar-se da história de um magnata da imprensa chamado Charles Foster Kane (Orson Welles) extremamente egoísta e sem escrúpulos.
A obra foi uma evolução da técnica cinematográfica. Logo na cena de abertura, vemos um portão em primeiro plano e um castelo no segundo. É um aspecto técnico impressionante, afinal, era a primeira vez que a profundidade de campo era usada intencionalmente em um filme. A passagem do jardim do castelo para o interior, com a fusão de películas e um longo travelling também é uma inovação de Welles.
Outra novidade é o roteiro não linear, pois a obra começa pelo fim com a morte de Kane e, a partir daí, a vida dele é mostrada desde a infância pobre quando é tirado do convívio dos pais para ser educado por um grupo de empresários. A recompensa pela ousadia de mudar foi o Oscar de Melhor Roteiro Original.
A fotografia é outro show a parte. Sempre que Kane revelava seu lado egoísta e obscuro, a sombra dominava o cenário, por vezes o encobrindo. Tanto o primeiro plano como o segundo ficavam em foco, sempre jogando com isso, inúmeras vezes revelando o teto dos cenários de uma forma inédita.
Com tantos aspectos positivos não é a toa que a obra figura entre as maiores de todos os tempos. Contra o filme pode-se afirmar que Welles não se preocupa em indicar uma motivação para que o empresário Kane se transforme numa pessoa ambiciosa, cruel e inflexível.
Porém, a obra apresenta tantas evoluções técnicas que esse detalhe passa quase despercebido, assim como o significado da palavra rosebud que só é revelado no final. Representa o último momento de infância, de brincadeiras, de ingenuidade antes de ser tirado da família e ver que não adiantou nada se tornar um milionário se perdeu tudo que estimava. Tudo isso simbolizado em um único objeto: um trenó.
Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941)
Direção: Orson Welles
Roteiro: Orson Welles e Herman J. Mankiewicz
Elenco: Orson Welles, Joseph Cotten, Agnes Moorehead, Ray Collins
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