21 de jun. de 2010

Movimentos do Cinema: Neo-realismo italiano

O Neo-realismo italiano foi um movimento cultural surgido ao final da Segunda Guerra Mundial. Caracterizou-se pelo uso de elementos da realidade numa peça de ficção, aproximando-se até certo ponto, em algumas cenas, das características do documentário. Ao contrário do cinema tradicional de ficção, o neo-realismo buscou representar a realidade social e econômica de uma época. Com poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e tomadas ao ar livre, os filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e a pequena burguesia. "Obsessão" (Ossessione, 1943), de Luchino Visconti, é considerada a obra inaugural do neo-realismo. Porém, o movimento ganharia maior repercussão com o lançamento de "Roma, Cidade Aberta" (Roma, città aperta, 1945), de Roberto Rossellini, rodado logo após a libertação da cidade. Logo após, seguiu-se "Paisà", de 1946 e "Alemanha, Ano Zero" (Germany Year Zero, 1947) também de Rossellini fechando uma trilogia do diretor.

Além dos filmes já citados, constituem grandes marcos do movimento as obras "Ladrões de Bicicleta", (Ladri di Biciclette, 1948), com direção de Vittorio De Sica e "A Terra Treme" (La Terra trema, 1948) de Luchino Visconti adaptado do romance "I Malavoglia", de Giovanni Verga, escrito no século 19. Com atores não-profissionais, foi filmado na mesma aldeia (Aci Trezza) que o romance foi criado. Outra grande amostra desse movimento foi "Umberto D", de 1952, de De Sica. Com sua mensagem sombria, a maioria das pessoas achava que o gênero tinha ido tão longe que podia usar os temas de desigualdade, discriminação social, a pobreza e o desemprego, no contexto do estilo realista das filmagens. Na vida breve do movimento, a Itália viveu uma fase complexa e foi capaz de lidar com muitas dificuldades. Ela se libertou da tirania da ocupação nazi-fascista, e rapidamente reconstruiu sua base industrial. Foi difícil dizer de quem era a culpa pela destruição de uma sociedade unificada e da alienação de seus indivíduos. O Neo-realismo capturou esta confusão crescente na transformação de histórias. 

Na década de 1950, o cenário já é outro, o quadro de crise econômica e social parece ter sido amenizado, a televisão ganha cada vez mais espaço e, para enfrentá-la, os produtores investem no cinema de entretenimento. Os grandes Neo-realistas Visconti, Rossellini e DeSica juntam-se a uma nova geração mais experimental formada por Antonioni, com "A Aventura", Pasolini com "Accattone", e o mais popular de todos, Fellini, que alcançou uma grande audiência internacional ao vencer dois Oscars seguidos de Melhor Filme Estrangeiro por "A Estrada da Vida" (La Strada, 1954), e "Noites de Cabíria" (Le notti di Cabiria, 1957). Fellini acabaria por ter a oportunidade de criar sua própria versão peculiar do neo-realismo, combinando a pobreza material da Itália provincial com a solidão espiritual de seus habitantes. Já no final da década de 50 e início dos anos 60, o cinema italiano inclina-se para a investigação psicológica, retratando uma sociedade em crise: Antonioni e Fellini fazem reflexões morais sobre a condição humana. Visconti, em "Rocco e Seus Irmãos" (Rocco e i suoi Fratelli, 1960), mostra a vida dos imigrantes do sul da Itália. Fellini parte para suas obras-primas com "A Doce Vida" (La Dolce Vita, 1960) e "8 e ½" (1963) e o cinema italiano alça um novo status mundialmente enquanto que o Neo-realismo fica para trás com os últimos vestígios feitos no final da década de 1950.

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