12 de set. de 2010

Sofia Coppola vence o Leão de Ouro no Festival de Veneza

Com o filme “Somewhere” (ainda sem tradução para o português), Sofia Coppola levou o maior prêmio no Festival de Veneza deste ano. O evento realizado neste sábado (11) é um dos mais importantes do cinema mundial e a cineasta superou outros 21 concorrentes por unanimidade.
A produção é apenas a quarta da carreira da diretora e apesar de seu talento, a decisão do júri presidido por Quentin Tarantino foi uma surpresa para todos. O longa fala do vazio existencial de um astro de Hollywood, o personagem Johnny Marco, que é interpretado pelo ator Stephen Dorff. Cansado de sua vida sem sentido, Johnny se afasta da realidade e mergulha no álcool, drogas e relacionamentos ocasionais. Assim, a trama mostra todo o luxo dos hotéis de cinco estrelas e Carros esporte de Hollywood e o contraste com a solidão e o vazio do famoso personagem. O cenário escolhido é o grande hotel Chateau Mormont, em Los Angeles.

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3 de jul. de 2010

Férias do blog Drops de Cinema

Quero avisar aos amigos que o blog entra em recesso. Motivo: Viagem à Europa deste que vos fala para um mochilão de 3 meses. Poderia postar de lá, mas sem a mesma dedicação e qualidade, então resolvi parar até o final de setembro, depois retomo os trabalhos aqui.

Há, ainda, a possibilidade de eu agregar outro blog sobre viagens. Se rolar, eu aviso.
Abraço a todos!

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29 de jun. de 2010

Viver a Vida (1962)

Misturando tiroteios de gangster com um estudo documental de uma parisiense que se torna prostituta, "Viver a Vida" é um dos mais complexos filmes de Jean-Luc Godard. A obra revela uma inteligência cinematográfica incrível e um amadurecimento da técnica grandioso em pouco tempo. Um filme de Godard é sempre único.

Godard nunca nos deixa esquecer a artificialidade do que estamos assistindo, transformando o filme em uma poderosa meditação sobre o cinema, o capitalismo e o sexo. É uma obra-prima de criatividade que é tão radical e alucinante hoje como era há cinco décadas. Participou do Festival de Veneza onde venceu o Prêmio Especial do Júri.

Na história, Nana (Anna Karina, então esposa de Godard), depois de deixar o namorado Paul (André Labarthe), é conduzida lentamente rumo a uma vida de trabalho nas ruas. Pimp Raoul (Saddy Rebbot) lhe ensina os truques do negócio, mas quando Nana se apaixona e foge da prostituição, Raoul parte atrás dela.

Testando os limites da linguagem audiovisual, Godard cria cada cena com um floreio, utilizando zooms, travelings e close-ups, de forma inusitada e inesperada que desafia todos os nossos pensamentos sobre o que é cinema. Em uma das cenas mais memoráveis, Nana dança alegremente ao som de uma máquina Jukebox em um salão de jogos. Muitos grandes diretores abordam o assunto de prostitutas, mas quantos ilustram as histórias com os seus próprios cônjuges? 

O cinema de Godard é altamente reconhecível. Seus filmes raramente desenvolvem um estilo determinado, um sistema ou regime. Essencialmente, não há um modo de leitura ou categorização do cinema de Godard. Cada um de seus filmes é um pedaço, uma coleção de momentos isolados, que são tanto dispersivos como contidos.

Através de sua obsessão com a imagem de Nana, "Viver a Vida" é melhor caracterizado pelo close-up do rosto e as múltiplas formas de ter sido fotografada do que pela narrativa, ou qualquer uma das histórias que conta ou perspectivas que ela revela.

Viver a Vida (Vivre sa vie, 1962)
Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard
Elenco: Anna Karina, Saddy Rebbot, André Labarthe, Monique Messini 

Trailer:

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28 de jun. de 2010

Uma Mulher é Uma Mulher (1961)

Em "Uma Mulher é uma Mulher", segundo longa de Jean-Luc Godard, depois de sua estréia notável em "Acossado", ele retorna à época de sua juventude. É um filme sobre amor e amizade entre jovens e é tão assustadoramente experimental como qualquer outro de Godard, com grandes variações nos níveis de ambiente de áudio, salto nos cortes e legendas explicativas.

Godard passou o filme inteiro brincando com o público em paródia sobre regras cinematográficas contrariando as convenções já estabelecidas. Contudo, o próprio Godard posteriormente julgou como "um filme mudo, sem energia". O filme é brilhante e alegre, mas não para todos.

A trama, como em todos os filmes de Godard, é simples. Angela (Anna Karina) vive com Émile Récamier (Jean-Claude Brialy), em um apartamento miserável e deseja ter um filho, mas ele acha que pode esperar mais um pouco. Angela está sendo paquerada por seu amigo Alfred Lubitsch (Jean-Paul Belmondo), formando assim uma espécie de triângulo amoroso.

Émile e Angela brigam o tempo todo o que a faz procurar Alfred. Émile sai com uma prostituta para tentar esquecer Angela, mas não consegue. Há várias alusões a outros filmes. Em um ponto, Angela explica seu desejo de aparecer em um musical da MGM, estrelado por Gene Kelly e Cyd Charisse e coreografado por Bob Fosse. Alfred pergunta como Jules e Jim? (então sendo filmado por Truffaut), ela responde: Moderato, referindo-se ao seu filme anterior, "Moderato Cantabile".


"Uma Mulher é uma Mulher" foi vencedor de dois prêmios no Festival de Berlim, incluindo o Prêmio do Júri e o de atriz para Anna Karina. Foi indicado ao Urso de Ouro no mesmo festival, mas não levou. 

Cada filme de Godard é baseado em opostos, assim as dúvidas do crítico e diretor ainda são parte do processo. Cada filme de Godard é auto-indulgente, mas nenhum filme de Godard foi burro, ou leve - todos eles são recheados com imagens, com idéias, com perguntas.

A idéia por trás da obra, disse Godard, era fazer um musical neo-realista. Essas alusões permitem a Godard nos mostrar a vida - literária e cinematográfica. A arte é definida por seu ser diferente da vida. E ele continua a lembrar-nos, porque, enquanto nos lembramos, seremos participantes em seus filmes, e não meros espectadores.

Uma Mulher é Uma Mulher (Une femme est une femme, 1961)
Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard
Elenco: Anna Karina, Jean-Paul Belmondo, Jean-Claude Brialy
Trailer em francês legendado em inglês:

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27 de jun. de 2010

Amor, Sublime Amor (1961)

Entre os musicais do cinema, "Amor, Sublime Amor" figura entre os cinco maiores, e é sem dúvida o mais popular e premiado. O filme é baseado na história de Romeu e Julieta e virou um espetáculo da Broadway em 1957, ambientado em Nova York nos tempos modernos e com inúmeras canções que se tornaram clássicos musicais: "Maria”, “América”, “I Feel Pretty” e “Tonight”, só para citar alguns. A obra ganhou 10 Oscars, incluindo melhor filme e direção. Este último dividido entre Robert Wise e Jerome Robbins. Wise ficou encarregado de dirigir as partes dramáticas da trama, enquanto Robbins dirigiria os musicais. A história da peça e do filme é bastante simples: duas gangues rivais disputam as ruas do lado oeste de Nova York, por isso o título original é West Side Story.

Os Jets são naturais da cidade e os Sharks são os imigrantes porto-riquenhos, ou seja, os intrusos. Assim, como as coisas estão começando a esquentar, as duas gangues concordam em realizar um duelo para decidir a richa. Em meio a isso, o ex-líder dos Jets, Tony (Richard Beymer), apaixona-se perdidamente por Maria (Natalie Wood), irmã de Bernardo (George Chakiris), líder dos Sharks.

Maria pede ao seu amado que não deixe o duelo acontecer, mas na tentativa de acabar com a briga Tony vê seu melhor amigo, Riff (Russ Tamblyn), ser morto por Bernardo e num acesso de raiva o mata e assim cai em desgraça. Os personagens foram dublados em suas cenas de música com a exceção de Anita (Rita Moreno) com excelente participação e premiada com Oscar de atriz coadjuvante. Se você gosta de musicais, assista.


Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961)
Direção: Robert Wise e Jerome Robbins
Roteiro: Ernest Lehman
Elenco: Richard Beymer, Natalie Wood, George Chakiris, Rita Moreno, Russ Tamblyn, Tucker Smith

Cena inicial:

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Psicose (1960)


Poucos filmes de sua época eram mais diretos e sem remorso em sua violência na tela. Com sua descrição casual do sexo fora do casamento, a morte de um personagem importante na metade do filme, e foco no psicológico do assassino, "Psicose" foi o projeto mais audacioso do diretor Alfred Hitchcock.

Uma obra-prima do mestre do suspense que quebrou as expectativas do público, "Psicose" é certamente o seu mais imitado e talvez o mais influente filme. A trilha sonora é especialmente espetacular dando todo o clima que as cenas pedem e cada personagem tem a sua função executada com perfeição. Um grande thriller com conotações freudianas, e olhar frio na masculinidade e esquizofrenia.

Na trama, a confiável secretária Marion Crane (Janet Leigh) um dia encontra-se incapaz de resistir à tentação e foge com 40 mil dólares de seu chefe que ela deveria ter depositado. Ela sai com seu carro a procura de um lugar para descansar na estrada e até troca de carro para evitar perseguições, já que um policial havia suspeitado de que algo estava errado com a moça.

Ela encontra um hotel pela estrada e resolve passar a noite. O proprietário é Norman Bates (Anthony Perkins), um jovem que reside com sua mãe dominadora na casa ao fundo. Quando a ausência de Marion é notada, sua irmã Lila (Vera Miles) contrata um investigador particular Milton Arbogast (Martin Balsam) para encontrá-la. Mas como demora para dar um retorno, Lila resolve ir acompanhada do namorado da irmã Sam Loomis (John Gavin) até o hotel onde o detetive achou pistas do paradeiro dela.

Marion, não era ingênua. Ela não morreu porque tinha dinheiro em sua bolsa, mas porque estava no lugar errado na hora errada. Depois de estabelecer-se claramente como a protagonista, de fazer você se preocupar com ela, foi então que na metade do filme acontece a famosa cena do chuveiro que entrou na consciência coletiva como uma das mortes mais clássicas da história do cinema.

Marion grita com sua vida caindo pelo ralo, com os olhos arregalados de horror. Quando Marion é morta à facadas, o assassino estava cortando também tudo que tinha sido feito no cinema, cada clichê do que deveria acontecer em um filme. O cinema nunca mais seria o mesmo. E por falar nisso, nem o banho seria.

Psicose (Psycho, 1960)
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Joseph Stefano
Elenco: Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles, Martin Balsam, John Gavin

Trailer em inglês:

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23 de jun. de 2010

A Doce Vida (1960)

Em um dos trabalhos mais aclamados dos anos 1960, "A Doce Vida", de Federico Fellini, foi o alvorecer dos filmes sobre a decadência, o glamour e o vazio da vida da classe média. A obra é um turbilhão de mundos diferentes, com conflitos constantes nas seqüências principais e, claro, com os próprios personagens. O filme não poderia ser mais contemporâneo. Mostra um mundo dividido em dois: pagão e cristão, antigos e modernos, conformista e da libertação. Este filme é tão poderoso porque Fellini une suas preocupações temáticas, com as complexidades de seus personagens.

Triunfo tanto comercial como artístico, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, Melhor Filme Estrangeiro do New York Film Critics Circle, e um Oscar de Melhor Figurino. Essa obra-prima de Fellini conta as aventuras do repórter de tablóide Marcello Rubini (Marcello Mastroianni), que ganha seu dinheiro como um colunista de fofocas em uma Roma decadente.

Marcello submete-se a socialite entediada Maddalena (Anouk Aimée), cuja busca de emoções o põe em contato com uma prostituta bissexual Ninni (Adriana Moneta). Ele ainda tem que lidar com sua amante suicida Emma (Yvonne Furneaux). Além disso, suas demandas da profissão o levam a conhecer a estrela de cinema Sylvia (Anita Ekberg na foto ao lado), que após uma discussão com o namorado, sai com Marcello para um passeio noturno por Roma e um mergulho na Fontana de Trevi, em uma cena clássica. Com um encolher de ombros, ele conclui que, embora seu estilo de vida seja fútil, não há nada que ele possa fazer para mudá-lo. Então por que não aproveitar "A Doce Vida"?

Bem relacionado, Marcello se junta a uma turma na casa de Nadia Ricos (Nadia Gray). Ela celebra a anulação de seu casamento com brincadeiras de temática sexual e muita bebida.

Marcello também lida com vários homens, como seu colega fotógrafo Paparazzo (Walter Santesso), esse personagem é a origem do apelido paparazzo para os fotógrafos que caçam celebridades. O mentor de Marcello, Steiner (Alain Cuny), que protagoniza uma tragédia familiar. E até a visita inesperada de seu pai distante (Annibale Ninchi).

Fellini critica a fé burra na cena do falso milagre, em que duas crianças mentirosas arrastam a massa de adultos de um local para outro afirmando terem visto Nossa Senhora. Mais tarde, em outra cena, ele aborda o ocultismo na sessão de caça à fantasmas no castelo em um dos inúmeros exemplos de contrastes ao longo do filme.

A Doce Vida (La Dolce Vita, 1960)
Diretor: Federico Fellini
Roteiro: Federico Fellini, Ennio Flaiano, Tullio Pinelli e Brunello Rondi
Elenco: Marcello Mastroianni, Anouk Aimée, Alain Cuny, Anita Ekberg, Adriana Moneta, Walter Santesso, Annibale Ninchi, Nadia Gray

Trailer em inglês:

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21 de jun. de 2010

Movimentos do Cinema: Neo-realismo italiano

O Neo-realismo italiano foi um movimento cultural surgido ao final da Segunda Guerra Mundial. Caracterizou-se pelo uso de elementos da realidade numa peça de ficção, aproximando-se até certo ponto, em algumas cenas, das características do documentário. Ao contrário do cinema tradicional de ficção, o neo-realismo buscou representar a realidade social e econômica de uma época. Com poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e tomadas ao ar livre, os filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e a pequena burguesia. "Obsessão" (Ossessione, 1943), de Luchino Visconti, é considerada a obra inaugural do neo-realismo. Porém, o movimento ganharia maior repercussão com o lançamento de "Roma, Cidade Aberta" (Roma, città aperta, 1945), de Roberto Rossellini, rodado logo após a libertação da cidade. Logo após, seguiu-se "Paisà", de 1946 e "Alemanha, Ano Zero" (Germany Year Zero, 1947) também de Rossellini fechando uma trilogia do diretor.

Além dos filmes já citados, constituem grandes marcos do movimento as obras "Ladrões de Bicicleta", (Ladri di Biciclette, 1948), com direção de Vittorio De Sica e "A Terra Treme" (La Terra trema, 1948) de Luchino Visconti adaptado do romance "I Malavoglia", de Giovanni Verga, escrito no século 19. Com atores não-profissionais, foi filmado na mesma aldeia (Aci Trezza) que o romance foi criado. Outra grande amostra desse movimento foi "Umberto D", de 1952, de De Sica. Com sua mensagem sombria, a maioria das pessoas achava que o gênero tinha ido tão longe que podia usar os temas de desigualdade, discriminação social, a pobreza e o desemprego, no contexto do estilo realista das filmagens. Na vida breve do movimento, a Itália viveu uma fase complexa e foi capaz de lidar com muitas dificuldades. Ela se libertou da tirania da ocupação nazi-fascista, e rapidamente reconstruiu sua base industrial. Foi difícil dizer de quem era a culpa pela destruição de uma sociedade unificada e da alienação de seus indivíduos. O Neo-realismo capturou esta confusão crescente na transformação de histórias. 

Na década de 1950, o cenário já é outro, o quadro de crise econômica e social parece ter sido amenizado, a televisão ganha cada vez mais espaço e, para enfrentá-la, os produtores investem no cinema de entretenimento. Os grandes Neo-realistas Visconti, Rossellini e DeSica juntam-se a uma nova geração mais experimental formada por Antonioni, com "A Aventura", Pasolini com "Accattone", e o mais popular de todos, Fellini, que alcançou uma grande audiência internacional ao vencer dois Oscars seguidos de Melhor Filme Estrangeiro por "A Estrada da Vida" (La Strada, 1954), e "Noites de Cabíria" (Le notti di Cabiria, 1957). Fellini acabaria por ter a oportunidade de criar sua própria versão peculiar do neo-realismo, combinando a pobreza material da Itália provincial com a solidão espiritual de seus habitantes. Já no final da década de 50 e início dos anos 60, o cinema italiano inclina-se para a investigação psicológica, retratando uma sociedade em crise: Antonioni e Fellini fazem reflexões morais sobre a condição humana. Visconti, em "Rocco e Seus Irmãos" (Rocco e i suoi Fratelli, 1960), mostra a vida dos imigrantes do sul da Itália. Fellini parte para suas obras-primas com "A Doce Vida" (La Dolce Vita, 1960) e "8 e ½" (1963) e o cinema italiano alça um novo status mundialmente enquanto que o Neo-realismo fica para trás com os últimos vestígios feitos no final da década de 1950.

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19 de jun. de 2010

Acossado (1959)

Primeiro longa-metragem dirigido por Jean-Luc Godard, "Acossado" é um dos filmes que estabelece a Nouvelle Vague francesa no final dos anos 1950. Godard fez vários curtas-metragens antes, mas esse longa deu reputação internacional ao diretor que rejeitou o cinema tradicional e adotou um mais áspero, mais experimental e autoral.

A fim de economizar, Godard também foi pioneiro no uso do corte de tempo, que resultou em um ritmo acelerado aos seus filmes. As novas câmeras leves significavam que Godard poderia levar sua equipe de baixo orçamento para as ruas. Com diálogos improvisados em grande parte, performances carismáticas e uma sensibilidade mais moderna, este filme é uma verdadeira obra de arte cinematográfica.

A história é bastante simples. Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) rouba um carro em Marselha e dirige até Paris. Em seu caminho, ele é parado por excesso de velocidade e mata o policial. Uma vez em Paris, ele precisa receber o dinheiro de um amigo e tenta convencer uma namoradinha americana, Patricia Franchini (Jean Seberg), a fugir com ele para a Itália. Ela não está interessada em acompanhá-lo por que quer ser uma jornalista, mas por enquanto ela só vende a versão francesa do New York Herald Tribune em plena Champs-Elysées. 


Patrícia recebe as informações sobre Michel (que é um assassino) e pensa em denunciá-lo. Embora o filme ignore as normas dos estúdios de cinema comercial, sempre se refere e brinca com elementos do cinema americano. O personagem principal tem Humphrey Bogart como ídolo. Ele pratica expressões faciais no espelho, veste um chapéu, e quase nunca é visto sem um cigarro. Os policiais que o perseguem são desajeitados e cômicos.

De várias maneiras o filme ilustra uma série de fatores que contribuem para a Nouvelle Vague. Entre as ideias estava a crença de que o diretor era o indivíduo criativo por trás de um filme. Este deve ser encarado como um modo de expressão pessoal.


"Acossado" foi saudado como uma obra revolucionária e rendeu a Godard o Urso de Prata em Berlim de Melhor Diretor e uma indicação ao Urso de Ouro de Melhor Filme. O mais evidente e radical estilo de Godard era o uso incessante do corte que salta no tempo, uma elipse temporal repentina mesmo no meio de um diálogo que quebrava com o manual do cinema convencional. Esta técnica foi um pouco mais acidental do que por opção já que ele teve que cortar meia hora da película depois de finalizado para poder comercializá-lo.

Acossado (À Bout de Souffle, 1959)
Diretor: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard (baseado em história de François Truffaut)
Elenco: Jean-Paul Belmondo, Jean Seberg, Daniel Boulanger, Jean-Pierre Melville, Henri-Jacques Huet

Trailer legendado em inglês:

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18 de jun. de 2010

Os Incompreendidos (1959)


Foi a forma com que foi filmado e editado que torna "Os Incompreendidos" tão poderoso e belo. A estréia do diretor François Truffaut foi um marco do cinema autoral, inaugurando uma nova era cinematográfica. Ele criou um trabalho magnífico e nos dá uma mostra perfeita de como a vida pode ser recriada em filme.

Truffaut acabou como um dos principais contribuintes para a Nouvelle Vague e sempre será lembrado como um dos maiores diretores da França. Ele canalizou sua própria experiência neste primeiro filme. Na história, o jovem Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) vive em um apartamento minúsculo com a mãe e o padrasto.

Antoine (alter-ego de Truffaut) mata a aula seguidamente com seu amigo e adora ir ao cinema. Ele não é um desordeiro, é azarado. Suas travessuras, pelo menos no início do filme, não são diferentes daquelas de seus colegas de escola - exceto que ele é sempre pego e punido. Ainda assim, muitas das infrações de Antoine são pequenas.

A vida em casa não é muito melhor. Sua mãe Gilberte (Claire Maurier), que deu à luz após uma gravidez indesejada, passa tanto tempo longe de casa, quanto ela pode. Quando ela está com seu filho, tem dificuldade em controlar a sua impaciência com ele. Seu padrasto Julien (Albert Rémy) às vezes é simpático e sociável, mas, em outras ocasiões, ele é temperamental e mal-humorado.

Antoine se torna um delinqüente e rouba uma máquina de escrever, mas é pego quando ingenuamente tenta devolvê-la. Ele é mandado para o reformatório, de onde foge para a inesquecível cena final quando 
encontra o mar (foto ao lado). A abordagem de Truffaut apresenta Antoine com todos os seus defeitos e fraquezas. A cena em que ele fala com o psicólogo é singular porque nunca ouvimos a pergunta. É como se Antoine estivesse falando diretamente para a câmera.

A carreira cinematográfica de François Truffaut é marcada por confusões. Era conhecido como o "enfant terrible" da crítica e foi impedido de assistir ao Festival de Cannes de 1958. Mas retornou triunfante em 1959, "Os Incompreendidos" rendeu-lhe homenagens como Melhor Diretor no festival e ainda recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro.

O jeito de Truffaut fazer cinema é lembrado tanto pelo estilo como temática e em ambos os casos pela mobilidade da câmera, bem como o uso do mundo real e não estúdio como cenário.

Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups, 1959)
Diretor: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut e Marcel Moussy
Elenco: Jean-Pierre Léaud, Claire Maurier, Albert Rémy, Guy Decomble, Patrick Auffay

Trailer legendado em inglês:

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17 de jun. de 2010

Hiroshima, Meu Amor (1959)

A ambiguidade da cena de abertura dá o tom de "Hiroshima, Meu Amor". As imagens do Museu de Hiroshima e do hospital, onde centenas de vítimas da radiação morriam, são acompanhadas por uma voz de mulher dizendo que ela viu e sentiu tudo em Hiroshima, o calor, o sofrimento, e assim por diante. Mas uma voz masculina nega suas afirmações, insistindo: "Não, você não viu nada”.

Passado e presente parecem se fundir e dentro do contexto do amor e da guerra, a mensagem é clara: não devemos esquecer. A beleza e força do filme vem primordialmente a partir da brilhante edição. Nos primeiros 15 minutos o diretor Alain Resnais usa uma poética estrutura elíptica que embaralha a edição de imagens em preto e branco, com imagens de noticiários e imagens de guerra, reconstruídas em conjunto para nos atrair ao tema da memória. Depois, somos atraídos para o romance e ainda à justaposição do passado e do presente de forma fascinante.

A trama começa num quarto de hotel onde um casal conversa. Logo sabemos que Elle (Emmanuelle Riva) é uma atriz francesa que vai a Hiroshima fazer um filme sobre a paz. Lá, ela conheceu o arquiteto japonês Lui (Eiji Okada), com quem passou a noite apesar de serem ambos casados. Lui é de Hiroshima e perdeu toda sua família quando a bomba foi lançada, enquanto estava fora da cidade. Ela voltará à Paris no dia seguinte e Lui insiste em vê-la novamente.

Ela começa a recordar a tragédia de um amor com um soldado alemão (Bernard Fresson), durante a ocupação da França na Segunda Guerra, proporcionando um paralelo com o presente. No dia em que sua cidade natal foi libertada, ele foi morto e ela foi submetida à desonra pública. O diretor coloca uma questão muito simples: Como podemos esquecer a tragédia?


"Hiroshima, Meu Amor" lida com contrastes, como amor e morte, guerra e paz, passado e presente. O filme foi analisado por críticos, estudiosos e cineastas, e foi reconhecido como um marco do cinema e uma referência por todos. É inegavelmente um dos filmes mais importantes do século 20, tanto por sua inovação, bem como o seu significado profundo e é visto como um caso exemplar de colaboração artística. Foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro mas não levou.

Hiroshima, Meu Amor (Hiroshima, Mon Amour, 1959)
Diretor: Alain Resnais
Roteiro: Marguerite Duras
Elenco: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Bernard Fresson, Stella Dassas, Pierre Barbaud

Trailer em francês:

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15 de jun. de 2010

Movimentos do Cinema: Nouvelle Vague francesa

Movimento artístico cuja influência no cinema tem sido tão profunda e duradoura após muitos anos, a Nouvelle Vague (Nova Onda) teve sua explosão e auge entre 1958 e 1965. Tudo começou quando dois intelectuais franceses, André Bazin e Jacques-Donial Valcroze, fundaram a revista de crítica cinematográfica Cahiers du Cinéma. Alguns dos pioneiros do movimento, François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Eric Rohmer, Claude Chabrol e Jacques Rivette começaram como críticos na famosa revista.

La Nouvelle Vague teve dois princípios: O primeiro foi na forma de filmar com a rejeição dos estúdios americanos, em favor da mise-en-scene, privilegiando tudo que está em cena, além da utilização da câmera na mão e longas tomadas. O segundo foi a convicção de que os filmes são uma expressão artística pessoal, assim como as obras da literatura ou da pintura. Este último princípio seria apelidado pelo crítico americano Andrew Sarris como cinema autoral. Esse termo foi cunhado para o grupo de intelectuais, influenciados por diretores mais autorais como Jean Renoir, Jean Vigo, John Ford, Alfred Hitchcock e Orson Welles. Os críticos da Cahiers sabiam muito da teoria, mas pouco da realização de um filme. Além disso, eles tiveram que trabalhar com baixos orçamentos. 

"Nas Garras do Vício" (Le beau Serge, 1958), de Claude Chabrol, é considerado o primeiro longa-metragem do movimento. Ele utilizou o lucro arrecadado para fazer seu segundo trabalho, "Os Primos" (Les Cousins, 1959). Esse seria o primeiro filme de Chabrol a conter sua visão sarcástica do mundo e ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. E foi em 1959 que a “onda” surgiu de fato com mais três filmes de cineastas que emergiam. "Os Incompreendidos" (Les 400 Coups), de François Truffaut, "Hiroshima, Meu Amor" (Hiroshima, Mon Amour), de Alain Resnais, além de "Acossado" (À Bout de Souffle), de Jean-Luc Godard, atordoaram o mundo e difundiram as ideias desses críticos que agora se tornavam cineastas inovadores.

"Os Incompreendidos" é o primeiro de uma sequencia de filmes semi-autobiográficos que Truffaut faria com o ator Jean-Pierre Léaud, interpretando Antoine Doinel. A obra, incrivelmente sentimental, conta a história de um adolescente que foge de casa ao invés de lidar com seus pais negligentes e o rígido professor. Premiado com melhor direção em Cannes, ainda foi indicado ao Oscar de melhor roteiro. Em "Atirem no Pianista" (Tirez Sur le Pianiste, 1960), a trama contava a história de um crime, mas foi um fracasso de bilheteria. Em sua terceira obra "Uma Mulher Para Dois" (Jules et Jim, 1962), Truffaut impressiona com um triângulo amoroso que teve algumas premiações em festivais. “Fahrenheit 451” (1965) foi erroneamente tratada mais como uma ficção científica do que como uma parábola. Truffaut realizou algumas entrevistas com Hitchcock que se tornou um livro, mas foi o trabalho de Chabrol que seria mais frequentemente comparado com o do diretor inglês. "Mulheres Fáceis" (Les Bonnes Femmes, 1960), é um perfeito exemplo.

Godard é o diretor mais influente e lembrado do movimento. Com "Acossado", ele recebeu o Urso de Prata em Berlim de melhor diretor e curiosamente o filme é baseado em uma história de Truffaut. O triângulo amoroso de "Uma Mulher é Uma Mulher" (Une femme est une femme, 1961), trás o conflito de relacionamento quase sempre presente nas obras de Godard e ganhou o prêmio da crítica no Festival de Berlim. "Viver a Vida" (Vivre sa vie, 1962) recebeu o prêmio especial do júri em Veneza e é um dos mais definitivos do movimento. "Banda à Parte" (Bande à Part, 1964) mostra um sentimento que não se viu em nenhum outro trabalho do diretor. Um dos mais célebres filmes de Godard, "O Demônio das Onze Horas" (Pierrot le fou, 1965) marca a radical quebra da narrativa convencional. "Alphaville" (1965) é uma homenagem à ficção científica e faturou o Urso de Ouro em Berlim. Em "A Chinesa" (La Chinoise, 1967) Godard já mostrava seu lado politizado de fazer cinema que tornou seus filmes menos acessíveis.

Um dos filmes mais inventivos do início do movimento, "Hiroshima, Meu Amor", de Resnais, se distingue da maioria dos outros clássicos pelo seu roteiro forte, escrito por Marguerite Duras, indicado ao Oscar. "O Último Ano em Marienbad" (L’Année dernière à Marienbad, 1961) é um quebra-cabeça completo que torna passado, presente e futuro, sem sentido. A obra venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, além da indicação ao Oscar de melhor roteiro. A única mulher a ser incluída neste movimento é Agnès Varda. A contribuição mais importante dela foi o seu segundo filme, "Cléo das 5 às 7" (Cléo de 5 à 7, 1962), indicado a Palma de Ouro em Cannes. Louis Malle é outro expoente da Nouvelle Vague. Seu primeiro filme, "Elevador para a forca" (Ascenseur pour l'Echefaud, 1958) foi uma história de suspense, mas a melhor contribuição de Malle foi "Zazie no Metrô" (Zazie dans le Metro, 1960). 

Os cineastas da Nouvelle Vague tornaram o movimento um dos mais influentes da história do cinema. Muitos dos filmes se tornaram populares e aclamados. O estilo trouxe diálogos improvisados, rápidas mudanças de cena e a utilização da câmera na mão, uma regra até então inviolável. As técnicas utilizadas e a abordagem estilística podem ser vistas como uma luta desesperada contra a indústria do cinema americano.

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10 de jun. de 2010

Ben-Hur (1959)

É um filme de grandes dimensões que define a palavra épico. "Ben-Hur" foi a obra mais cara da história da MGM até então (U$ 15 milhões) e ganhou dinheiro suficiente para salvar o estúdio do colapso (U$ 80 milhões). A história e os personagens são importantes, mas todos eles servem para produzir um efeito de certo e errado.

Este é provavelmente o exemplo mais eficaz de um filme que enfoca a emoção e até certo ponto também pode ser sua falha, pois, na minha opinião, são os mais difíceis de se dirigir. Indicado para 12 Oscars, "Ben-Hur" ganhou 11, um recorde só igualado por Titanic em 1997, mas ainda não superado.

Mesmo sendo "Um Conto de Cristo", como diz o subtítulo, Jesus não é o centro da trama e sim o rico comerciante Judah Ben-Hur (Charlton Heston). No ano de 26 d.C. os romanos reforçam sua presença militar na Judéia e são liderados pelo oficial Massala (Stephen Boyd), amigo de longa data de Ben-Hur que retornou após muitos anos. O reencontro feliz acaba quando, por acidente, telhas caem em Messala que acusa Ben-Hur de atentado e condena-o à escravidão nas galés, além de prender sua esposa e irmã.

Durante o naufrágio do barco em que era mantido nos remos (foto acima), Ben-Hur salva um figurão romano chamado Quintus Arrius (Jack Hawkins), que o adota como afilhado. Logo ele está em liberdade para se vingar e salvar sua mãe e irmã. Charlton Heston, embora longe de ser a primeira escolha para o papel principal (Paul Newman e Rock Hudson recusaram), está excelente e merecedor do Oscar de melhor ator.

A intenção do roteiro escrito por Karl Tunberg, foi fazer uma história em paralelo com a vida de Jesus com a criação de um personagem fictício, neste caso Judah Ben-Hur. Cristo aparece de relance e é visto de costas oferecendo água para Ben-Hur.

Os diretores Ridley Scott e George Lucas estão entre os fãs deste épico e já declararam a influência dele em seus filmes. Scott humildemente admite que "Gladiador" não esteve à altura, enquanto que a lendária seqüência da corrida de bigas (foto acima) serviu claramente de inspiração para Lucas, em "Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma", mas como diz o ditado, "nada bate o original".

Ben-Hur: Um Conto de Cristo (Ben-Hur: A Tale of the Christ, 1959)
Direção: William Wyler
Roteiro: Karl Tunberg, S. N. Behrman, Gore Vidal e Christopher Fry
Elenco: Charlton Heston, Stephen Boyd, Jack Hawkins, Haya Harareet, Hugh Griffith, Martha Scott, Frank Thring, George Relph, Cathy O’Donnell

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9 de jun. de 2010

Quanto Mais Quente Melhor (1959)

"Quanto Mais Quente Melhor" é uma comédia deliciosa que te envolve completamente. Considerado um dos mais engraçados filmes americanos de todos os tempos, é uma história sensacional e original de Billy Wilder.

 O diretor alegou que foi um pesadelo trabalhar com Marilyn Monroe, pois ela esquecia suas falas e chegava atrasada em cena. Mas, com toda a sensualidade que ela transmitia Wilder esqueceu desses problemas com a atriz e o resultado foi um belo trabalho.

O saxofonista Joe (Tony Curtis) e o baixista Jerry (Jack Lemmon) pertencem a uma banda de Chicago em 1929, época dos gangsters e início da Lei Seca. Após uma batida da polícia no estabelecimento onde tocavam, eles fogem e tentam achar outro serviço através de uma agência, mas são informados que infelizmente só há vagas para mulheres no momento. Em um estacionamento, eles presenciam um massacre envolvendo famílias da máfia que desejam não deixar testemunhas e escondem-se desesperados.

Então, Jerry dá a ideia para que eles se vistam de mulher e aceitem o emprego da agência para tocar na Flórida em uma banda feminina e, assim, ficam longe dos bandidos. Eles passam a se autodenominar Josephine e Daphne e embarcam no trem com as novas colegas para a Flórida. No banheiro do trem eles conhecem Sugar Kane (Marilyn Monroe) e a beleza dela contagia toda a tela (foto abaixo).

Eles chegam ao hotel e o milionário Osgood Fielding III (Joe E. Brown) se encanta por Daphne sem saber que se trata de um homem e passa a cortejá-la inúmeras vezes. Enquanto isso, Joe disfarça-se como um milionário e tenta conquistar Sugar. O problema é que os mafiosos que realizaram a matança em Chicago chegam coincidentemente no mesmo hotel e provocam pavor na dupla de músicos.

Mas tudo isso acontece com muito humor em cenas engraçadíssimas. "Quanto Mais Quente Melhor" venceu o Oscar de Melhor Filme em Preto e Branco e ainda recebeu três Globos de Ouro nas categorias Melhor Filme de Comédia, Melhor Ator Comédia ou Musical (Jack Lemmon) e Melhor Atriz Comédia ou Musical (Marilyn Monroe). A cena final (foto abaixo) é uma das mais conhecidas do cinema americano e finaliza esta obra com maestria, um bom divertimento.

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959)
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder e I. A. L. Diamond
Elenco: Jack Lemmon, Tony Curtis, Marilyn Monroe, Joe E. Brown, George Raft
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8 de jun. de 2010

Intriga Internacional (1959)

A fórmula de Hitchcock em "Intriga Internacional" é contar com uma bela mulher forte, inteligente e imprevisível. E todo o filme é uma montanha-russa de Nova York até Chicago e com o desfecho no Monte Rushmore, onde estão esculpidos os rostos de ex-presidentes americanos.

Ele oferece altos e baixos emocionais com timing perfeito, permitindo momentos de alívio antes de retornar a uma ação crescente. Este não é um dos filmes mais profundos de Hitchcock, mas é certamente um dos mais divertidos.

O publicitário Roger Thornhill (Cary Grant) é confundido com um espião internacional. De repente, a vida dele é virada de cabeça para baixo. Ele é seqüestrado por Phillip Vandamm (James Mason), quase morto por uma dupla de bandidos, preso por dirigir bêbado e jogado na prisão. Liberado da custódia, ele se vê acusado de assassinato e foge.

A bela e misteriosa Eve Kendall (Eva Marie Saint), ajuda-o a se esconder durante a viagem de trem para Chicago na tentativa dele de esclarecer o mal-entendido. Grant está impagável no esforço de permanecer imperturbável, apesar das situações mais loucas. E James Mason está devidamente ameaçador como o vilão do filme. O elenco de apoio também é forte. Leonard (Martin Landau) é assustador como a mão direita de Vandamm, enquanto Clara Thornhill (Jessie Royce Landis) é hilária como a mãe do protagonista.

O roteiro, indicado ao Oscar, mantém o espectador na tentativa de adivinhar o desfecho de cada ação. Porém, não somos forçados a esperar muito para descobrir o complô contra o protagonista. Como é o caso de muitos dos filmes de Hitchcock, o diretor cria seu herói como o único que sabe a verdade. Nós, naturalmente, simpatizamos com o herói de imediato, pois sabemos que ele é vítima de uma conspiração.

Intriga Internacional (North by Northwest, 1959)
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Ernest Lehman
Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Martin Landau, Jessie Royce Landis, Edward Platt
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7 de jun. de 2010

Um Corpo Que Cai (1958)

Os filmes de Hitchcock têm influenciado toda uma geração. Truques de câmera (como zoom in e zoom out) para aumentar o suspense e atrair o público para a narrativa têm sido frequentemente imitados. Em "Um Corpo Que Cai", o diretor realiza um trabalho magistral onde mistura todos os principais elementos de cinema.

Uma história de amor, mistério e suspense. O filme lida com as questões da obsessão, bem como a natureza frágil do amor. Logo no início, um prólogo detalha como o policial John Scottie Ferguson (James Stewart) descobre que tem medo de altura. Durante uma perseguição, ele sofre tonturas e quase cai do telhado (foto acima).


Após deixar a polícia, John vira detetive particular e é procurado por um amigo, Gavin Elster (Tom Helmore), para que investigue sua esposa Madeleine (Kim Novak). O amigo acredita que o espírito de uma mulher pintada em um quadro está tentando possuí-la. John segue Madeleine para descobrir o que se passa e se apaixona por ela. Ele a salva de cometer suicídio ao lado da Golden Gate (foto acima).

Mas, num segundo momento ele é incapaz de salvá-la de cair de uma torre durante uma crise de loucura. John conhece outra mulher, Judy Barton (Kim Novak), que é a cara do seu amor. Uma espécie de paranóia faz com que ele a vista como a outra se vestia, pinte seu cabelo igual e outros detalhes. Então, o filme entra no clímax onde toda a história terá uma explicação genial.

Em mais uma demonstração de domínio cinematográfico, Hitchcock engana sua plateia. Ele quebra a trama em dois filmes distintos. Na primeira metade, é um thriller sobrenatural intimista e, até certo ponto, previsível. De repente, a história dá uma guinada e vira um drama sobre um homem obcecado por um fantasma. O detetive traumatizado vira um sujeito transtornado por uma paixão avassaladora.

James Stewart é perfeito para o papel principal complexo que a obra exige. Kim Novak dá o toque certo de mistério para Madeleine e Judy. Inatingível e gelada no primeiro papel para, em seguida, interpretar uma perturbada moça.

Um Corpo Que Cai (Vertigo, 1958)
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Alec Coppel e Samuel A. Taylor
Elenco: James Stewart, Kim Novak, Tom Helmore, Barbara Bel Gueddes
Trailer:

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5 de jun. de 2010

A Ponte do Rio Kwai (1957)

“Loucura... loucura!” Com essas palavras termina "A Ponte do Rio Kwai" e é disso que fala a obra de David Lean, vencedora de sete Oscars. A maioria dos filmes de guerra são a favor ou contra elas. Mas este é um dos poucos que se concentra não em erros ou acertos, mas sobre os indivíduos e a loucura envolvida nesse evento.

Para o coronel inglês Nicholson (Alec Guinness), a loucura reside na construção de uma ponte melhor do que os japoneses fariam. Para Shears (William Holden), um americano que foge da guerra, a loucura estaria em voltar lá. E para Clipton (James Donald), o médico do exército que diz as palavras finais, pode significar simplesmente que a confusão levou à mortes desnecessárias.

A trama ambientada em 1943 mostra uma coluna de prisioneiros britânicos, em um campo controlado pelos japoneses, na Tailândia. O líder da coluna, coronel Nicholson, se desentende com o comandante japonês Saito (Sessue Hayakawa) que quer obrigar todos a trabalharem na construção de uma ponte. Nicholson diz que oficiais não podem trabalhar pelo acordo na Convenção de Genebra. Nenhum cede o que prejudica a ambos os lados até que Saito recua e propõe que os oficiais trabalhem de forma administrativa.

Há uma história paralela envolvendo a fuga do soldado americano Shears do campo e o convite do Major Warden (Jack Hawkins) para que retorne como parte de um plano para explodir a ponte. O diretor Lean, vencedor do Oscar, manipula o clímax com precisão e suspense dignos de um mestre. 

O roteiro original foi escrito por Carl Foreman, que foi considerado inaceitável. Michael Wilson foi então chamado para reescrever a história baseada no livro de Pierre Boulle. Mas, na época do lançamento do filme o nome de nenhum dos dois aparecia nos créditos por estarem ambos na lista negra de Hollywood. Para complicar o caso o filme ganhou o Oscar de Melhor Roteiro.

Em 1984, a Academia corrigiu a injustiça através da atribuição de um Oscar à Wilson (já falecido) e Foreman (que morreu um dia após o anúncio). A versão restaurada do filme corrige, de forma adequada, os créditos dos escritores. "A Ponte do Rio Kwai" é sem dúvida nenhuma um clássico e seus 155 minutos não são cansativos. Grande destaque para a trilha sonora, além das atuações e figurinos que se mostraram eficientes e impecáveis.

A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, 1957)
Direção: David Lean
Roteiro: Michael Wilsom e Carl Foreman
Elenco: William Holden, Alec Guinness, Jack Hawkins, Sessue Hayakawa, James Donald, Geoffrey Horne

Cena famosa do assobio das tropas britânicas:

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3 de jun. de 2010

Doze Homens e uma Sentença (1957)


Não é o tipo de filme que agrada todas as pessoas. Pode parecer chato, pois o mínimo desvio de atenção em seus diálogos diminui o interesse pela trama. Dirigido pelo estreante Sidney Lumet, não teve sucesso de público, mas recebeu três indicações ao Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado). "Doze Homens e uma Sentença" não levou nenhuma estatueta e mesmo assim é considerado um dos melhores filmes já feitos (top 10 no ranking da IMDb).

Rodado em apenas 17 dias e com baixo orçamento (350 mil dólares), o roteiro simples e linear investiga o comportamento humano em grupo onde um juri de 12 homens com diferentes personalidades precisa definir uma questão importante: se um jovem de 18 anos é culpado pela morte do pai, o que significará sua pena de morte. Quando a história começa, onze dos jurados votam pela condenação em poucos minutos, mas a votação tem que ser unânime, seja a favor ou contra.

O jurado Nº 8 Davis (Henry Fonda) é o único que tem dúvidas e quer discutir um pouco mais antes de dar sua decisão. Enquanto Davis usa seus argumentos de que as provas mostradas no julgamento não dão certeza sobre a culpa do garoto, o filme revela a característica de cada jurado, as atividades e as motivações em closes magníficos e cortes de câmera sensacionais. Os mais influentes a favor de condenar o rapaz são os jurados Nº 3 (Lee J. Cobb) e Nº 10 (Ed Begley) que se irritam por cada jurado que passa para o lado de Davis.

A história segue sem se preocupar em mostrar se o garoto é culpado ou não, mas sim se um réu pode ser julgado por pessoas comuns com base apenas em evidências duvidosas. Filmado praticamente todo em uma sala fechada, a obra tem 95 minutos de duração quase como se fosse em tempo real.

A tensão crescente vem do conflito de personalidades entre os personagens e no atrito dos brilhantes diálogos. Mas se pensarmos em termos de realidade os fatos que ocorrem dificilmente aconteceriam de verdade. Seria pouco provável que um júri fosse todo do sexo masculino e era impróprio para o jurado Nº 8 reencenar uma reconstituição do crime. 

Considerado uma obra de grande valor, o filme deu a Lumet o Urso de Ouro de melhor diretor e ganhou também o prêmio da crítica internacional (Fipresci) e o da Organização Católica Internacional para o Cinema (Ocic).

Doze Homens e uma Sentença (12 Angry Men, 1957)
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Reginald Rose
Elenco: Henry Fonda, Lee J. Cobb, Jack Warden, Ed Begley, Martin Balsam, Jack Klugman

Cena inicial na sala do juri:

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Assim Caminha a Humanidade (1956)

Uma saga no coração do Texas que mostra a vida de três gerações e seus conflitos familiares, amorosos e raciais é a história de "Assim Caminha a Humanidade". As disputas entre pecuaristas e os novos magnatas do petróleo também são tema do filme. Mas o maior apelo é o fato de que foi o último papel do promissor ator James Dean (foto), vítima de acidente de carro pouco antes de o filme ser lançado.

A obra de 3 horas e 21 minutos oferece entretenimento, mas fica aquém do verdadeiro brilho. Baseado no romance de Edna Ferber, começa no início dos anos 1920 e vai até a década de 1940. Ilustra a discriminação enfrentada pelos descendentes de mexicanos e incide sobre o reconhecimento de um homem sobre estas questões. Ele é Bick Benedict (Rock Hudson), um rico fazendeiro, que dirige um rancho chamado Reata.


Enquanto Bick está em Maryland para comprar um garanhão, ele se apaixona por Lynnton Leslie (Elizabeth Taylor). Os dois logo se casam e vão morar no Texas. Uma vez lá, ela tem problemas de adaptação. A irmã de Bick, Luz (Mercedes McCambridge), que administra a casa, se ressente da chegada de Leslie. Enquanto isso, um trabalhador local chamado Jett Rink (James Dean) sonha em ter seu próprio rancho. É quando a sorte lhe sorri e num pedaço de terra herdado de Luz, Jett consegue milhões graças ao petróleo que jorra do chão.

O filme ainda mostra como as crianças nem sempre seguem os passos de seus pais. O filho do casal não deseja se tornar um fazendeiro e opta por se tornar médico. E uma de suas filhas (Carroll Baker) se apaixona por Jett anos mais tarde. Mas ele é um homem solitário, torturado pela inveja e pelo amor impossível por Leslie. A obra é totalmente envolvida pela mística de James Dean que era um ídolo para as meninas e estava em seu terceiro papel importante quando morreu precocemente, logo após as gravações terminarem.

Porém, o personagem mais complexo é Bick, que pode ser doce e amoroso ou frio e cruel. Com o tempo ele aprende a perder o preconceito que reside em si e torna-se a pessoa que todos querem que seja. Mesmo com 10 indicações ao Oscar somente George Stevens ganhou a única estatueta do longa (Melhor Diretor).

Assim Caminha a Humanidade (Giant, 1956)
Direção: George Stevens
Roteiro: Fred Guiol
Elenco: Rock Hudson, Elisabeth Taylor, James Dean, Carroll Baker, Dennis Hopper, Sal Mineo
Cena do filme:

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31 de mai. de 2010

Rastros de Ódio (1956)

Considerado o maior realizador de westerns, o diretor John Ford atingiu o ápice em "Rastros de Ódio", em mais uma parceria com John Wayne, principal astro deste gênero do cinema americano. Mas, este filme, em especial, foge um pouco da visão romanceada do Velho Oeste e o resultado é uma história mais densa, com um protagonista mais rude e complexo dando espaço para preconceito, intolerância e ódio. O roteiro, a fotografia, e a trilha sonora estão perfeitas.

Na trama, Ethan Edwards (John Wayne) é um veterano da Guerra de Secessão, mas só retorna três anos após o fim dos combates. De volta à casa do irmão Aaron (Walter Coy) no Texas, ele se mostra amargo e rancoroso. Revela um ódio mortal dos índios a ponto de rejeitar Martin Pawley (Jeffrey Hunter), jovem mestiço que protegeu quando criança e entregou para seu irmão criar.

Depois que um grupo comanche mata seu irmão e sua nora e rapta as sobrinhas Lucy e Debbie, Ethan se junta a Martin para uma busca que dura alguns anos. Com uma pista do paradeiro de Debbie, já que descobrem Lucy morta, eles vão atrás do acampamento do cacique Cicatriz que pode ser o seqüestrador da menina. Enquanto isso, Laurie Jorgensen (Vera Miles) espera ansiosa por Martin, pois deseja casar-se com ele.

O início do filme mostra a abertura da porta que dá para o deserto. A cena apresenta o tema visual do filme e limiar entre os dois mundos, o civilizado no interior e o selvagem no lado de fora. A cena final com John Wayne se afastando desta porta virou vinheta de Hollywood (no canto direito da foto). Ethan Edwards é um dos personagens mais interessantes que o cinema já retratou e com certeza o papel mais sólido de Wayne. Um homem individualista, sem família e motivado pelo ódio, um tipo de anti-herói em busca de vingança.

Por isso é um dos filmes mais influentes dos anos 50 e que inspirou vários diretores como Sérgio Leone, Martin Scorcese, Steven Spielberg, Jean-Luc Godard, Wim Wenders e George Lucas. Esta obra-prima de John Ford aborda o racismo de maneira realista, uma verdadeira crítica contra o preconceito. Pena ter sido mal-interpretado na época e negligenciado pela Academia. Por esse motivo não recebeu uma indicação ao Oscar sequer.

Rastros de Ódio (The Searches, 1956)
Direção: John Ford
Roteiro: Frank S. Nugent
Elenco: John Wayne, Jeffrey Hunter, Vera Miles, Walter Coy, Natalie Wood, Hank Worden

Cena final que virou vinheta:

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